Os moluscos do Brasil com mais de 1.100 espécies desses animais – uma riquíssima fauna que, fundamental para a reciclagem de nutrientes, também sofre ameaça de extinção espécies como estas que observaremos agora.
Encontrado próximo a lagareiros habitando plantas e galhos, local propicio para a sua sobrevivência e reprodução. Pouco se vê essas espécies na região mesmo não ocorrendo predadores naturais que represente risco. Mas a constate degradação das matas ciliares a ligeiros pode ser o fator para o desaparecimento desta espécie.
Todas as espécies de moluscos nativas brasileiras estão em séria ameaça de extinção. Inclusive espécies que nem chegamos a conhecer.
Apesar de ser o segundo maior grupo animal brasileiro, abaixo apenas dos insetos, grande parte das espécies de moluscos nativas é ainda desconhecida. Lembrando a necessidade de mais estudos sobre esse grupo. Estima-se que apenas um terço das espécies de moluscos terrestres e metade dos moluscos de água doce brasileiros foram identificados. “É um ciclo vicioso. Como é uma área muito abrangente e com pouco material de referência bibliográfica, os pesquisadores acabam preferindo outros animais e os moluscos continuam mal estudados”.
Os moluscos são encontrados nos diversos ecossistemas brasileiros: mata atlântica, cerrado, caatinga, floresta amazônica, bacias hidrográficas do Paraná e do Amazonas e o rio São Francisco. “É um inventário para ser consultado como um primeiro passo para qualquer interessado em conhecer os moluscos brasileiros”.
Um risco para o ambiente
O animal não tem culpa, mas sim o homem em introduzir espécie em habitat desconhecidos.
Baseada em informações publicadas em diversos estudos de todo o mundo, a obra é ilustrada com centenas de fotografias. “Assim a pessoa pode pegar sua concha e comparar com as fotos, para ver se aquele indivíduo é um exemplar conhecido ou não”, explica.
Financiado pela Fapesp, USP e algumas instituições privadas, o livro foi resultado de uma pesquisa realizada por Simone com a colaboração de diversos professores, pesquisadores e instituições internacionais.
A extinção dessas espécies traz conseqüências graves para a natureza. Os moluscos são os maiores responsáveis pela reciclagem de nutrientes no ambiente, o que os torna essenciais para a manutenção dos ciclos de preservação. “Se um molusco desaparece, o ecossistema do qual ele faz parte acaba. Tudo na natureza é muito conectado, como uma rede.
O molusco é predador de uma espécie e presa de outra. Se ele some, esse delicado equilíbrio é rompido e todos os seres vivos dessa teia somem.
Esse quadro é agravado pela ausência de uma consciência de preservação desses animais, que dificilmente figuram nas listas de animais ameaçados divulgadas por entidades ecológicas. “Ninguém vai preservar uma área porque ali tem um caramujo. Os moluscos têm um apelo bem menor com a população do que o mico-leão-dourado, por exemplo, apesar de ser fundamental para o equilíbrio ecológico.”
Mesmo dentre as centenas de espécies já conhecidas, há ainda muito para se conhecer. Diversas famílias de moluscos foram identificadas em meados do século 19 e nunca mais foram revistas, tornando muito difícil identificar suas espécies. Exemplo disso é o Aylacostoma decapitata. Visto no sul da Bahia em 1827, esse molusco nunca mais foi encontrado e a única imagem que se tem dele é um desenho. “Não se sabe ao certo se essa espécie existe. Esse registro pode ser o desenho errado de outra espécie parecida.
Outra dificuldade nessa identificação é que a fauna brasileira, diferente das demais, se caracteriza por uma diversidade muito grande de espécies, mas com poucos indivíduos. “Nós falamos sempre para os biólogos: se encontrou, traz, porque pode não achar mais.”
Além disso, muitas dessas espécies têm seus registros somente em museus e instituições do exterior. Como praticamente toda pesquisa em biologia realizada no Brasil até meados do século 20 era feita por europeus e norte-americanos, os tipos dessas espécies foram levados para museus de fora.
Felipe Bernardo
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