Velho Mercado e Praça João Pessoa. 1940. Fonte: LUCENA, 1996 |
No próximo domingo dia 10 de julho, Araruna completará 135 anos de
sua emancipação política, data esta que deve ser festejada e celebrada
com muita alegria por seus munícipes, afinal de contas, se comemora mais
um ano, que se junta ao somatório de páginas que formam a rica história
deste município, que é sem sombra de dúvidas dos mais importantes do
Agreste Paraibano, e de onde se pode ter orgulho de viver, morar e
conhecer, para poder então refletir a cerca de seu passado e caminhar em
passos firmes, para um bom futuro.
Parte desta
rica história é conhecida, através das pesquisas e dos resultados
decorrentes de fatos marcantes em nossa história, já outras são
esquecidas ou deixadas de lado, talvez por maldade, talvez pelo próprio
desconhecimento de uma identidade apagada. Deve ser ressaltada que mesmo
antes da emancipação do município, Araruna já existia, pois a famosa Serra de Araruna como lugar geográfico despertava esta sensação de pertencimento e de territorialidade.
Partindo deste principio de territorialidade, deve-se começar falando dos nossos primeiros habitantes que foram os índios,
onde se supões serem os índios Janduís e os Caracarás, que ocupavam
trechos entre os rios Curimatáu e Trairi, de onde durante suas passagens
deixaram muitos vestígios, dentre eles destacam-se as inscrições
rupestres encontradas na Pedra do Letreiro, no Parque estadual da Pedra
da Boca, neste município. A própria denominação do município “Araruna”
advém do idioma indígena (tupi) “A’rara una”, significando “Arara Negra”, decorrente do fato de existirem naquela época, muitas dessas araras (Anadorhynchus hyacinthinus) (Lath.), que embora do significado do nome, distinguem-se pela plumagem azul escuro, que vistas à distância pareciam negras.
A A''rara una (Anadorhynchus hyacinthinus) que denomina Araruna e nosso brasão
municipal de onde se observa a homenagem do município a ave. |
A fundação do povoado de Araruna se deu por meados de 1845, sendo atribuída ao Sr. Feliciano Soares do Nascimento,
morador em Jacú dos Órfãos, Rio Grande do Norte, que recebeu duas
léguas de terra no alto da serra de Araruna, fazendo ali sua moradia e
uma roça. Ele estava cumprindo uma promessa feita a Nossa Senhora da
Conceição, construindo uma capela (Igrejinha de Santo Antonio), em torno
da qual surgem as primeiras casas. Porém deve se levar em conta que o
Sr Feliciano, não construiu a capela sozinho, nem tão pouco foi o único
morador desta época, se esquece, que o mesmo contou certamente com ajuda
de possíveis vaqueiros e trabalhadores rurais em geral, que foram muito
corajosos de migrarem de suas antigas habitações para se instalar nesta
localidade, e assim ajudarem a formar as raízes da população
ararunense.
Durante este
período esta população que em Araruna se encontrava, era quase que
totalmente desassistida de serviços essenciais como educação e saúde,
decorrente do fato do próprio isolamento da serra de altitude elevada e
de não existirem estradas aquela época e da própria distancia da então
vila á sede do município de Bananeiras-PB, da qual pertencia, atendendo a
reivindicações e apelos de décadas, Flávio Clementino da Silva Freire,
Vice-Presidente da Província da Parahyba do Norte,
aos 4 de julho de 1854, cria com a lei nº 25 a Freguesia de Nossa
Senhora da Conceição da Serra de Araruna, passo importante para sua
emancipação posterior que viria aos 10de julho de 1876 sancionada pelo
Presidente da Província da Parahyba do Norte o senhor Barão de Mamanguape através da Lei nº 616.
Á partir daí o
município de Araruna conseguiu se firmar e trilhar diversas conquistas
em sua história, através de vários eventos que a tornaram cada vez mais
forte e reconhecida na microrregião do Curimataú e redondezas
potiguares, fortalecendo sua economia como um todo, pois se tinha um
espaço mais adequado que suportasse a demanda do nosso comercio, onde
Araruna se destacava como maior produtora de feijão do estado da
Paraíba. Araruna possuía enfim um aspecto urbano que se desenhava e se
consolidava cada vez mais, e se firmou principalmente em 1908 com a
construção de seu primeiro Mercado Público (atual Centro Cultural) desativado em 1967, com a construção de um Novo Mercado.
Durante o século XX é interessante se destacar desmembramentos de
distritos provenientes de Araruna, dois em 1959: Cacimba de Dentro e
Tacima; e Riachão em 1994.
Mais
recentemente pode-se considerar como novo evento desenvolvimentista e
transformador da paisagem urbana de nosso município a construção e
instalação do campus VIII da Universidade Estadual da Paraíba
no ano de 2010, onde mais que uma construção de pedra e melhoria de
renda e fortalecimento da economia da cidade, pode se considerar o maior
presente a nosso município e região onde muitas vezes o pequeno
agricultor, uma dona de casa, uma artesã, ou pessoas inseridas em
classes sociais menos privilegiadas, não dispunham de condições
necessárias para estudarem ou inserir seus filhos no mundo acadêmico,
acabando sempre na maioria das vezes a margem dos benefícios que o
conhecimento adquirido em grau superior possa acarretar, a mudança da
mentalidade deste povo é com certeza o maior presente que a UEPB dará a
Araruna.
Neblina na Avenida Epitácio Pessoa em Araruna, durante o mês de junho de 2010. Fonte: autor desconhecido |
Araruna é certamente um dos municípios mais conhecidos no estado da Paraíba, seja pela fama de seu clima frio e ameno,
que se distingui do quadro geral desta região se tornando uma ilha de
clima ameno em pleno semi-árido, pois está inserida numa altitude de
cerca de 590 metros acima do nível do mar, seja pelas suas belas
paisagens geográficas, tais como as belas serras da Araruna e da
Confusão, e do Parque estadual da Pedra da Boca, por nossos tradicionais eventos como o consagrado São João na Serra, Festival de Inverno e Festa da padroeira de Nossa Senhora da Conceição.
São João na Serra, junho de 2010. Fonte: http//:ararunapb.com.br |
Pedra da Boca, Araruna-PB. Fonte: PBTUR |
Araruna se destaca também através de seus filhos ilustres, que sobressaíram em cenário estadual e alguns até nacional, como os poetas Antonio Joaquim Pereira da Siva (membro da Academia Brasileira de Letras) e Peryllo D’Oliveira (membro da Academia Paraibana de Letras), José Targino (ex-secretário de Agricultura e ex-governador da Paraíba em 1950), José Targino Maranhão (ex-senador e governador do estado da Paraíba por três mandatos), Almir Carneiro da Fonseca (desembargador), Rogério Fialho Moreira (desembargador), Humberto Fonseca de Lucena (bioquímico e pesquisador), Olenka Targino Maranhão (deputada estadual), Benjamin Gomes Maranhão Neto (deputado federal) e nossa atual prefeita a Srª Wilma Targino Maranhão (ex-presidente do CENDAC-PB e prefeita por três mandatos deste município).
Porém, Araruna ao longo de seus 135 anos de história pode ter certeza do bom sentimento de seus habitantes, sobretudo a população mais carente, que sempre de forma brava e às vezes inconsciente, ajudando ao longo destes mais de 135 anos, de luta e garra,
e que mesmo oprimida diante de sistemas socialmente injustos e impostos
sempre acreditaram em sua capacidade e sempre caminharam com passos de
esperança, mesmo expostos as crueldades e ganâncias dos nossos coronéis
de outrora, tornando nosso município mais rico e mais bonito a cada dia, do qual foi descrito modestamente neste nosso trabalho, diante da tamanha riqueza de conteúdos do universo Araruna.
Enfim minhas
felicitações, a esta cidade que é a princesa do Curimataú paraibano,
através de versos simples de um ararunense já finado, mais que nos fala
com amor e orgulho de ser de Araruna.
"Você canta sua terra,
Também vou cantar a minha,
Que fica no topo da serra,
E tem porte de Rainha!”. (velho Borges)
PARABÉNS ARARUNA PELOS SEUS 135 ANOS DE HISTÓRIA DE LUTAS E VITÓRIAS!
Referências:
LUCENA, Humberto Fonsêca de. O Velho Mercado de Araruna e seus Arredores. João Pessoa, Empório dos livros. 1996.
Silva, Wellington Rafael da. Desenvolvimento urbano e regional da/na Cidade de Araruna-PB – Guarabira: UEPB, 2010.
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