A
“Marcha da Família com Deus pela Liberdade” foi o nome comum de uma
série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da
sociedade brasileira em março de 1964, durante o governo João Goulart.
Ocorreu logo após o anúncio dos programas de reformas de base daquele
governo. Supostamente, naquele ano, congregou entre quinhentas mil e um
milhão de pessoas em repúdio à mesma “corrupção” ora em pauta.
Como
se formou aquele movimento que sustentou e justificou o golpe que
implantou no Brasil uma ditadura de vinte anos sem ter Facebook e
Twitter, sem a blogosfera e sem que muitos lares tivessem televisão? Foi
pelos jornais e pelo rádio. E juntou muito mais gente do que os
cansados que se reuniram ontem em várias capitais, tendo conseguido
algum resultado expressivo só em Brasília, coincidentemente ao lado do
evento pelo 7 de setembro em que ocorriam várias atrações que juntaram
dezenas de milhares de pessoas.
Os
métodos utilizados para convocar manifestações em 1964 eram análogos ao
uso das redes sociais. Foram convocadas esposas de empresários e dos
empregados das empresas e ensinadas em reuniões com fins “filantrópicos e
religiosos” sobre como o comunismo seria nefasto. Simultaneamente, eram
distribuídos panfletos a fazendeiros e agricultores dando ênfase a
palavras-chave como democracia, liberdade e, sobretudo, “corrupção”.
A
sociedade foi mobilizada para a primeira Marcha da Família com Deus
Pela Liberdade. Dela participaram quinhentas mil pessoas no dia 19 de
Março de 1964 em São Paulo. A massa humana saiu da Praça da República,
seguindo pela Rua Barão de Itapetininga, atravessando o Viaduto do Chá,
para, chegando à Praça da Sé, assistir a uma missa. Em 2 de abril de
1964, um milhão de pessoas participou da Marcha da Família com Deus pela
Liberdade no Estado da Guanabara. Era o dia seguinte à consumação do
golpe que durou 20 anos.
Estadão,
Folha e Globo foram o Twitter, o Facebook e a Blogosfera da época.
Agora, vitaminados pelo dinheiro do povo com o qual foram irrigados de
lá para cá, sobretudo na época da ditadura (ao prestarem favores a ela),
no Dia da Pátria de 2011 conseguiram colocar de novo o povo na rua,
ainda que uma fração do que lograram há quase cinqüenta anos.
A
corrupção da mídia foi muito rentável e esteve sempre aliada à
corrupção dos políticos e dos corruptores, muitos dos quais seguramente
estão entre os que gastaram milhões de reais para veicular os atos
públicos que ocorreram ontem em capitais como São Paulo e Brasília. Por
isso não caio na conversa dessa gente e, se é para discutir corrupção,
penso que se deve discutir TODA ela.
Para
tanto, já que os manifestantes de ontem, ombreados ao que de pior há na
política brasileira – como o partido campeão de cassações na Justiça
Eleitoral, o DEM –, não tocaram na corrupção dos que pagam os corruptos
ou na da mídia, há que ir à rua bradar contra corruptores e a corrupção
da mídia que censura aqueles que pensam diferente enquanto suga dinheiro
público.
Além
dos leitores que já confirmaram neste blog que irão ao Ato Contra a
Corrupção da Mídia Golpista que o Movimento dos Sem Mídia convocou ontem
para o próximo dia 17, quase 400 pessoas, até agora (manhã de
quinta-feira), já confirmaram presença no mesmo Facebook. Essa
convocação se somará a outras já feitas para o mesmo dia e local.
Quem mais achar que deve tomar posição neste momento estranho que está gerando um déjà Vu em
muita gente experiente nos meandros políticos deste país, a hora é
agora. Compareça ao vão livre do Museu de Arte Moderna de São Paulo
(Masp) às 14 horas de 17 de setembro próximo e venha dizer tudo o que
está entalado em sua garganta porque a mídia golpista censura enquanto
alardeia sua “indignação” igualzinho como fazia há 47 anos.
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