Sem
Steve Jobs o mundo da tecnologia ficou mais previsível. A morte do
cofundador da Apple tirou do nosso convívio um executivo visionário
identificado com a essência disruptiva destes tempos. Falando em
questões musicais, Jobs definitivamente introduziu a música na era
digital, com todas as suas contradições e sede transformadora. Provou
que a evolução da música passa por uma revolução midiática. E o fez
seguindo os passos da economia criativa cativada no berço das inovações
tecnológicas da cibercultura.
A
valsa das transformações que Jobs impôs ao meio musical teve início com
o iPod. O tocador de MP3 cercado de funcionalidades inovadoras embalou a
revolução promovida pelo Napster, software de compartilhamento de
música no formato MP3 entre computadores, e colocou a indústria
fonográfica e seu alicerce nos grupos de comunicação em xeque.
Usuário
de LSD nos anos 60, Jobs levou a contracultura de volta ao mainstream
pela via da tecnologia. Realmente tinha uma percepção expandida da
realidade e trabalhava arduamente para materializar suas visões. Assim
apostou na música digital armazenada em memória flash quando o mercado
discutia como combater pirataria. Com mil músicas no bolso dos fãs -
slogan do iPod - o modelo de negócio baseado na mídia física, o CD,
entrou em decadência.
Emergiu
um mercado digital tão sedutor quanto às transformações daquele
momento. O iTunes se estabeleceu como plataforma de distribuição e
comércio musical, tendo como base a nova economia dos micropagamentos.
Mais música e por um preço módico. Uma alternativa atraente ao
compartilhamento ilegal de MP3.
Com
o público consumidor de música cada vez mais conectado à internet e a
afirmação do YouTube como plataforma de música online, o invento do
iPhone fez com que Jobs atingisse o ápice das práticas recombinantes. Ao
integrar mídias digitais e informacionais, o smartphone da Apple, e
posteriormente tablet iPad, fez surgir novas perspectivas de negócios e
produção musical envolvendo portabilidade, música, comunicação e mídia.
Os
aplicativos musicais despontam como as estrelas da vez, eficazes na
divulgação dos trabalhos das bandas (Bjork e Pixies lançaram apps para
divulgarem discos e shows), práticos por permitirem edição e criação
musical - vide o Gorillaz que concebeu o disco The Fall todo em iPad
durante uma turnê - e como meio de expressão artística, como fez Brian
Eno com o app Bloom, um experimento audiovisual interativo lançado como
se fosse um disco.
Estabeleceu-se
dessa forma um movimento de integração com a coletividade musical
criativa que levou a Apple a lançar uma nova linha de negócios, a App
Store. Além disso, as maravilhas tecnológicas de Jobs e Cia amplificaram
a utilidade de seus dispositivos, sistema operacional e softwares para
as áreas da criatividade, influenciando o dia-a-dia de quem faz, consome
e vive de música.
Uma
via interativa de negócios e produção entre artistas e público.
Verdadeira aldeia global musical, como diria Mcluhan, que teve em Jobs
um complementador do seu determinismo tecnológico, da expansão da
cultura e definição da história como decorrência das mudanças
tecnológias, e realizador de sua tese midiática por afirmar os meios
tecnológicos de comunicação como extensão do homem.
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