A hipocrisia e o conservadorismo dão as caras mais uma vez. Estava marcada para este sábado em São Paulo a Marcha da Maconha,
um movimento que questiona o proibicionismo em relação à Cannabis.
Entretanto o Ministério Público Estadual entrou com uma liminar que
proíbe a manifestação alegando que a Marcha cometeria o crime de
instigação ao uso da droga. O Tribunal de Justiça acatou o pedido e a Marcha foi cancelada.
Segundo o desembargador que julgou o pedido, Teodomiro Mendez, “não trata de um debate de ideias, apenas, mas de uma manifestação de uso público coletivo de maconha, presentes indícios de práticas delitivas no ato questionado, especialmente porque, por fim, favorecem a fomentação do tráfico ilícito de drogas (crime equiparado aos hediondos)”.
Acho engraçado, pra não usar outras palavras mais fortes, que o douto desembargador consiga julgar, a priori, que seria uma manifestação pública de uso de drogas. Talvez o doutor tenha o dom da predição e nós desconhecemos. Ou talvez qualquer questionamento às leis vigentes, que matam e corrompem as instituições públicas, seja entendido pelo desembargador como incentivo ao delito e ao crime. Afinal a ordem é a ordem.
Acho também esquisito que no mesmo local, apenas umas semanas atrás, tenha havido uma manifestação pelo direito de ser homofóbico, por um Brasil da “família” (seja lá o que isso signifique!), e que esta manifestação tenha contado com aparato policial de apoio, mesmo com algumas simbologias nazistas.
Mas quem sou eu pra debater com um senhor desembargador? De leis ele entende, ou espera-se que entenda. E no entendimento dele as pessoas que iriam para a Marcha da Maconha queriam apenas tumultuar, usar substâncias ilícitas no MASP, para, quem sabe, depois ir ver alguma exposição lá. Ver um Van Gogh, talvez.
Em nenhum momento teria passado pela cabeça do douto senhor que poder questionar as leis e as estruturas vigentes é a essência da democracia. Afinal, se as leis são sagradas, são imóveis e imutáveis. Bem vindo ao século 12.
Assim, a Marcha da Maconha, um ilícito decretado a priori por um jurisconsulto, virou Marcha pela Liberdade de Expressão. Esta mesma que garante que os skinheads plantem suas mentiras em espaços públicos.
Liberdade de expressão que garante, de maneira meio esquisita, convenhamos, que as grandes cervejarias façam suas propagandas na TV, nos grandes eventos esportivos, via de regra associando o álcool à alegria e à mulheres bonitas.
Mas culturalmente somos tolerante ao álcool, seus abusos e as mortes que dele deriva. Podemos, e somos estimulados a, freqüentar bares, adegas, comprar whisky sem imposto no Free Shop. Bombardeados midiaticamente, queremos Keep Walking.
Mas quando alguns tentam questionar a proibição das drogas (que é absurda), quando tentam corretamente propor que é um direito de escolha dos cidadãos e de saúde pública, e não de criminalização, repressão e guerra , os nossos togados se sentem ameaçados e equiparam este questionamento ao um crime hediondo.
Não, Sr. Mendez, crime hediondo é a ignorância e o preconceito. Crime hediondo é usar uma caneta pra impedir pessoas de falar e de lutar por mudanças.
Segundo o desembargador que julgou o pedido, Teodomiro Mendez, “não trata de um debate de ideias, apenas, mas de uma manifestação de uso público coletivo de maconha, presentes indícios de práticas delitivas no ato questionado, especialmente porque, por fim, favorecem a fomentação do tráfico ilícito de drogas (crime equiparado aos hediondos)”.
Acho engraçado, pra não usar outras palavras mais fortes, que o douto desembargador consiga julgar, a priori, que seria uma manifestação pública de uso de drogas. Talvez o doutor tenha o dom da predição e nós desconhecemos. Ou talvez qualquer questionamento às leis vigentes, que matam e corrompem as instituições públicas, seja entendido pelo desembargador como incentivo ao delito e ao crime. Afinal a ordem é a ordem.
Acho também esquisito que no mesmo local, apenas umas semanas atrás, tenha havido uma manifestação pelo direito de ser homofóbico, por um Brasil da “família” (seja lá o que isso signifique!), e que esta manifestação tenha contado com aparato policial de apoio, mesmo com algumas simbologias nazistas.
Mas quem sou eu pra debater com um senhor desembargador? De leis ele entende, ou espera-se que entenda. E no entendimento dele as pessoas que iriam para a Marcha da Maconha queriam apenas tumultuar, usar substâncias ilícitas no MASP, para, quem sabe, depois ir ver alguma exposição lá. Ver um Van Gogh, talvez.
Em nenhum momento teria passado pela cabeça do douto senhor que poder questionar as leis e as estruturas vigentes é a essência da democracia. Afinal, se as leis são sagradas, são imóveis e imutáveis. Bem vindo ao século 12.
Assim, a Marcha da Maconha, um ilícito decretado a priori por um jurisconsulto, virou Marcha pela Liberdade de Expressão. Esta mesma que garante que os skinheads plantem suas mentiras em espaços públicos.
Liberdade de expressão que garante, de maneira meio esquisita, convenhamos, que as grandes cervejarias façam suas propagandas na TV, nos grandes eventos esportivos, via de regra associando o álcool à alegria e à mulheres bonitas.
Mas culturalmente somos tolerante ao álcool, seus abusos e as mortes que dele deriva. Podemos, e somos estimulados a, freqüentar bares, adegas, comprar whisky sem imposto no Free Shop. Bombardeados midiaticamente, queremos Keep Walking.
Mas quando alguns tentam questionar a proibição das drogas (que é absurda), quando tentam corretamente propor que é um direito de escolha dos cidadãos e de saúde pública, e não de criminalização, repressão e guerra , os nossos togados se sentem ameaçados e equiparam este questionamento ao um crime hediondo.
Não, Sr. Mendez, crime hediondo é a ignorância e o preconceito. Crime hediondo é usar uma caneta pra impedir pessoas de falar e de lutar por mudanças.
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