MPF denuncia Edir Macedo por evasão de divisas
O
bispo Edir Macedo Bezerra, líder religioso da Igreja Universal do
Reino de Deus (IURD), e outros três dirigentes da entidade foram
denunciados nesta segunda-feira, 12, pelo Ministério Público Federal
(MPF) por lavagem dinheiro e evasão de divisas, formação de quadrilha,
falsidade ideológica e estelionato contra fiéis para a obtenção de
recursos para a IURD. Eles são acusados de pertencer a uma quadrilha
usada para lavar dinheiro da IURD, remetido ilegalmente do Brasil para
os Estados Unidos por meio de uma casa de câmbio paulista, entre 1999 e
2005.
Segundo
a assessoria de imprensa da Igreja Universal, os representantes
jurídicos do bispo Edir Macedo ainda não tiveram acesso à denúncia, por
isso não podem se pronunciar. ”Tudo indica, pelo que a mídia está
veiculando, que se tratam das mesmas acusações de sempre contra os
dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus, que sempre se
mostraram inverídicas”, disse a assessora em resposta ao Estadão.com.br.
Os
quatro também são acusados do crime de falsidade ideológica por terem
inserido nos contratos sociais de empresas do grupo da IURD composições
societárias diversas das verdadeiras. O objetivo dessa prática era
ocultar a real proprietária de diversos empreendimentos, qual seja, a
Iurd.
Os
três dirigentes da igreja denunciados são o ex-deputado federal João
Batista Ramos da Silva, o bispo Paulo Roberto Gomes da Conceição, e a
diretora financeira Alba Maria Silva da Costa.
Segundo
a denúncia, do procurador da República Sílvio Luís Martins de
Oliveira, o dinheiro era obtido por meio de estelionato contra fiéis da
IURD, por meio do “oferecimento de falsas promessas e ameaças de que o
socorro espiritual e econômico somente alcançaria aqueles que se
sacrificassem economicamente pela Igreja”.
O
Procurador da República Silvio Luís Martins de Oliveira também
encaminhou cópia da denúncia à área Cível da Procuradoria da República
em São Paulo, solicitando que seja analisada a possibilidade de
cassação da imunidade tributária da IURD.
O Caso.
O Ministério público investiga desde 2003 o envio para o exterior
cerca de R$ 5 milhões por mês entre 1995 e 2001 em remessas
supostamente ilegais feitas por doleiros da casa de câmbio Diskline, o
que faria o total chegar a cerca de R$ 400 milhões.
Na
ocasião, revelação foi feita por Cristina Marini, sócia da Diskline,
que depôs ontem ao Ministério Público Estadual e confirmou o que havia
dito à Justiça Federal e à Promotoria da cidade de Nova York.
Cristina
e seu sócio, Marcelo Birmarcker, aceitaram colaborar com as
investigações nos dois países em troca de benefícios em caso de
condenação, a chamada delação premiada. Cristina foi ouvida por três
promotores paulistas. Ela já havia prestado o mesmo depoimento a 12
promotores de Nova York liderados por Adam Kaufmann, o mesmo que obteve
a decretação da prisão do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), nos
Estados Unidos – ele alega inocência.
Ela
afirmou aos promotores que começou a enviar dinheiro da Igreja
Universal para o exterior em 1991. As operações teriam se intensificado
entre 1995 e 2001, quando remetia em média R$ 5 milhões por mês,
sempre pelo sistema do chamado dólar-cabo – o dono do dinheiro entrega
dinheiro vivo em reais, no Brasil, ao doleiro, que faz o depósito em
dólares do valor correspondente em uma conta para o cliente no
exterior. Cristina disse que recebia pessoalmente o dinheiro.
Subterrâneo.
Na maioria das vezes, os valores eram entregues por caminhões e
chegavam em malotes. Houve ainda casos, segundo a testemunha, que ela
foi apanhar o dinheiro em subterrâneos de templos no Rio.
Cristina
afirmou que mantinha contato direto com Alba Maria da Silva Costa,
diretora do Banco de Crédito Metropolitano e integrante da cúpula da
igreja, e com uma mulher que, segundo Cristina, seria secretária
particular do bispo Edir Macedo, fundador e líder da igreja.
De
acordo com a testemunha, ela depositou o dinheiro nos EUA e em
Portugal. Uma das contas usadas estaria nominada como “Universal
Church”. Além dela, os promotores e procuradores ouviram o depoimento
de Birmarcker. Ele confirmou a realização de supostas operações
irregulares de câmbio para a igreja, mas não soube informar os
valores.O Estado de São Paulo
Por Helena
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