O
crescimento das despesas com a previdência dos servidores públicos nos
Estados fez com que, nos últimos anos, os governos estaduais comprometam
cada vez mais suas receitas nos gastos com pessoal. Hoje, só cinco
Estados – Tocantins, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima – arrecadam em
contribuições dos servidores um valor suficiente para bancar as
aposentadorias e pensões pagas aos inativos.
Só no ano passado, segundo o anuário do
Ministério da Previdência Social, os regimes de previdência dos
servidores públicos dos Estados registraram um déficit de R$ 31,133
bilhões, o que representa um aumento de quase 15% em relação a 2009.
O rombo na Previdência Social do
servidor público é uma das contas mais salgadas e engessa a folha de
pagamento. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), os governos
estaduais só podem desembolsar até 49% da Receita Corrente Líquida (RCL)
com pessoal. O limite prudencial é de 46,55% da RCL. Em caso de
“desenquadramento”, o Estado fica sem receber transferências voluntárias
e proibido de contratar novos empréstimos até que a situação seja
normalizada.
Para resolver o problema, os governos
estaduais precisam apertar os cintos. Como não podem cortar o pagamento
das aposentadorias, a margem de manobra pode implicar até na dispensa de
trabalhadores.
Levantamento feito pelo jornal O Estado
de S. Paulo com base nos demonstrativo das despesas com pessoal dos
entes estaduais, divulgado pelo Tesouro Nacional, mostra que apenas a
Paraíba havia ultrapassado o limite de gasto com pessoal no primeiro
quadrimestre deste ano, ao permitir que a despesa com pessoal chegasse a
53,36% da RCL. Da despesa total com pessoal de R$ 2,9 bilhões acumulada
em 12 meses até abril, cerca de R$ 1 bilhão se referiam ao pagamento de
benefícios previdenciários.
Em 2010, o déficit do regime próprio de
previdência do Estado foi de R$ 418,5 milhões. Se mantida a tendência de
expansão dos gastos com inativos como tem ocorrido nos últimos anos, o
governo estadual, que já ultrapassou a margem de gasto permitida e terá
que adotar um programa de ajuste para reduzir despesas, ficará ainda
mais sufocado.
Em situação parecida encontram-se outros
três estados. Rio Grande Norte, Goiás e Tocantins estão acima do limite
prudencial (46,55%). Em 2010, o rombo da previdência dos servidores
públicos no Estado do Rio Grande do Norte foi de R$ 237 milhões e em
Goiás de R$ 903,4 milhões. Apesar da elevada despesa com folha de
pagamento, Tocantins registrou um superávit de R$ 283,6 milhões em seu
regime próprio de previdência.
Para o secretário de Previdência Social,
Leonardo Rolim, apesar dos déficits, a situação dos Estados é menos
preocupante que a da União. Somente em 2010, o Executivo teve que
desembolsar mais de R$ 50 bilhões para pagar benefícios previdenciários
aos seus servidores. A expectativa para este ano é de desembolso de R$
57 bilhões. Para resolver o problema, o governo federal tenta aprovar no
Congresso Nacional o fundo de previdência complementar do servidor
público.
Mas existem Estados que têm situação
bastante preocupante da Previdência Social e que futuramente poderá
pressionar os limites da LRF. Esse é o caso do Rio Grande do Sul. No
primeiro quadrimestre deste ano, a despesa com pessoal representou
38,16% da RCL. Porém, é o único Estado do país que tem menos de um
trabalhador na ativa (0,89) para bancar as despesas dos aposentados e
pensionistas
O déficit do regime próprio de
Previdência Social do Estado do RS somou R$ 4,048 bilhões no ano
passado. Segundo o secretário de Previdência Social, a proporção ideal
seria de 3 para 1.
A partir de janeiro do próximo ano, o
Ministério da Previdência Social vai apertar a fiscalização na
previdência dos Estados e municípios para verificar se os desequilíbrios
nas contas foram corrigidos. Se não houver sustentabilidade no regime
no longo prazo, o ente público poderá perder o chamado Certificado de
Regularidade Previdenciária (CRP), que é
concedido pelo Ministério da Previdência Social para as cidades que
cumprem à risca os repasses para o regime próprio do servidor.
São Paulo
Segundo o anuário do Ministério da
Previdência, o rombo da previdência dos servidores públicos do Estado de
São Paulo atingiu R$ 7,717 bilhões no ano passado, o que representa
crescimento de 7,6% em relação a 2009, As despesas com pensões e
aposentadorias chegaram a R$ 15,167 bilhões, valor bem superior à
arrecadação de contribuições dos trabalhadores (R$ 7,449 bilhões). Em
dezembro de 2010, o Estado de São Paulo tinha 407.186 inativos e
pensionistas em sua folha de pagamento.
Para tentar minimizar o impacto das
aposentadorias e pensões dos servidores nas contas públicas, o
governador tucano Geraldo Alckmin quer emplacar o fundo de previdência
complementar para seus funcionários. Com isso, a ideia é fixar o teto de
aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualmente
de R$ 3.691,74, também para os inativos e pensionistas do Estado. Com
isso, quem quiser receber valor superior terá de contribuir para o fundo
de previdência complementar. A proposta precisa ser aprovada pela
Assembleia Legislativa. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Estadão
0 comentários:
Postar um comentário