O ministro da Educação, Fernando Haddad, num evento com
estudantes na USP (Universidade de São Paulo) na tarde desta
quarta-feira (14) chegou a perder a paciência e pedir ao público que o
deixasse falar. Ao chegar ao local, ele foi recebido com vaias e gritos
de “Haddad, eu não me engano, 7% [do PIB para a educação] é proposta de
tucano”, em referência ao PNE (Plano Nacional de Educação), enviado ao
Congresso pelo MEC (Ministério da Educação), que prevê o investimento
desse percentual na área até 2020. Os manifestantes pediam 10% do PIB.
Quando conclui o meu primeiro ano escolar eu já sabia ler, escrever,
somar, multiplicar, adicionar e dividir. Hoje estou há 41 anos na sala
de aula, como professor universitário, e venho acompanhando todo o
processo educacional brasileiro e não tenho constatado uma melhoria
sonhada na qualidade do ensino em nosso país, a partir dos alunos que
recebemos em nossas salas.
Quando fiz o curso ginasial estudei latim, francês, sociologia,
filosofia e hoje tiraram tudo isto, além da seriedade e o trabalho e
criaram a moda do “aprender brincando”. Punir um aluno é falta grave e
reprovar nem pensar. Então, se não tem reprovação, para que estudar,
para que lutar e buscar um ensino melhor?
Nos dias atuais os pais obrigam os filhos a irem para a escola
pública, na sua maioria, para “assinarem o ponto” para poder receber no
final do mês o Bolsa Família. E o resultado? Um relatório divulgado pela
imprensa diz que metade das crianças do Brasil, na terceira série, não
sabe ler nem escrever. Metade dos mais adiantados escreve mal e estes
são os estudantes que recebemos nas universidades.
Os estudantes ao vaiarem o Ministro da Educação, expressavam a sua
indignação com o percentual dos recursos destinados a educação, que
infelizmente, nunca foi prioridade para o governo, enquanto nossos
políticos aumentam seus salários de forma vergonhosa, um professor ganha
uma miséria.
Enquanto um professor ganhar mais do que um salário mínimo pouca
coisa, estaremos fadados a constatar resultados iguais aos divulgados
esta semana, do exame do ENEM 2011, quando mais da metade dos alunos do
ensino médio regular que fez a prova tirou uma nota menor que a média,
(52,98% dos estudantes ficou abaixo de 511,21), isto significa que se o
que estive em jogo fossem a aprovação ou reprovação, as nossas escolas
estariam “reprovadas” ou “não passariam de ano”.
Em pesquisas realizadas a questão do fracasso na maioria da escola
pública não se restringe apenas as questões salariais, mas envolve o
próprio aluno, a família, o professor e a escola. Especialistas no
assunto alertam que se o Brasil permanecer no ritmo atual vai perder
mais uma geração de jovens, que é a geração desta década.
Os técnicos do Ministério da Educação sabem do déficit na formação de
professores de física, química, matemática e biologia, mas não irão
conseguir atrair candidatos enquanto os salários pagos aos professores
sejam menos da metade do que ganha um Policial Militar, cuja
escolaridade exigida é ter concluído o segundo grau.
Enquanto o governo não entender que deva colocar a educação num
patamar de expressiva prioridade, grande contingente de jovens que
chegam às universidades vai continuar sem saber redigir um texto, sem
saber se expressar por rescrito e ao ingressar no mercado de trabalho
vai produzir estudantes analfabetos.
Infelizmente, a educação brasileira, após as divulgações destes resultados continua vergonhosamente reprovada.
José Antonio - altopiranhas@uol.com.br
Professor Universitário, Diretor Presidente do
Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação
Comercial de Cajazeiras.
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