Ex-ditador morreu ao tentar fugir de sua cidade, Sirte, tomada nesta quinta. Otan e Departamento de Estado dos EUA não confirmaram prisão ou morte.
O ex-ditador da Líbia, Muammar Kadhafi,
foi morto em um ataque de combatentes líbios nesta quinta-feira (20)
próximo à cidade de Sirte, segundo informações do novo governo do país.
Até o fim desta manhã, a Otan e os EUA ainda não tinham confirmado a
informação. A Otan afirmou que ainda "levaria tempo" para checar se
Kadhafi morreu ou se foi capturado. Entretanto, a aliança confirmou ter
bombardeado um comboio pró-Kadhafi próximo à cidade onde os ex-rebeldes
dizem ter matado o ditador.
Tanto o ministro de Informação do novo governo quanto o porta-voz do
Conselho Nacional de Transição (CNT), em Benghazi, afirmaram que o
ditador foi atingido por tropas líbias. "Ele foi morto em um ataque dos
combatentes. Há filmagem disso", disse Mahmoud Shammam, ministro da
Informação do novo governo.
"Anunciamos ao mundo que Kadhafi morreu nas mãos dos revolucionários",
disse Abdel Hafez Ghoga, porta-voz do Conselho Nacional de Transição
(CNT), em Benghazi. "É um momento histórico, é o fim da tirania e da
ditadura. Kadhafi cumpriu seu destino."
Os primeiros anúncios informavam que Kadhafi havia sido preso e estavagravemente ferido em ambas as pernas. A France Presse publicou uma foto que seria de Kadhafi logo após a captura, ferido ou morto. Fontes militares rebeldes confirmaram a veracidade da imagem.
A primeira confirmação sobre a prisão de Kadhafi foi feita por Abdel
Majid, chefe militar dos ex-rebeldes líbios na capital, Trípoli.
"Ele foi capturado. Ele está ferido em ambas as pernas... Ele foi
levado de ambulância", disse o militar à agência Reuters, por telefone.
Mais tarde, o próprio Majid anunciou que Kadhafi havia sido também baleado na cabeça e estava morto.
Outro comandante rebelde, Mohamed Leith, disse à France Presse que viu
Kadhafi "com seus próprios olhos" e que o coronel estava "gravemente
ferido", mas "ainda respirava".
Kadhafi foi atacado próximo à sua cidade-natal, Sirte, em um comboio
que sofria ataque aéreo da Otan enquanto tentava fugir. A Otan confirmou
que atacava o comboio.
A cidade de Sirte, último foco de resistência dos combatentes kadhafistas, havia sido tomada definitivamente pelos rebeldes nesta quinta-feira, após semanas de cerco e resistência dos pró-Kadhafi.
A TV Líbia Livre disse que, na ação, foram presos Muatassim, um dos
filhos do coronel, além de Mansur Dau e Abdala Senusi, dos serviços de
inteligência. Mas um comandante militar disse que Muatassim foi achado morto em Sirte.
Um combatente do novo governo líbio, ouvido pela Reuters, disse que
Kadhafi estava escondido em uma tubulação, e teria gritado "Não atire!
Não atire!" ao ser descoberto.
Fontes rebeldes afirmaram que, por questões de segurança, o corpo de
Kadhafi seria levado a um lugar secreto, na cidade de Misrata.
Um correspondente da árabe TV Al Arabyia afirmou que a rede teria acesso para filmar o cadáver do coronel.
Otan e EUA não confirmam
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o Departamento de
Estado dos EUA ainda não confirmavam a prisão ou a morte do coronel. A
Otan afirmou que ainda "levaria tempo" para checar as informações. A
aliança só confirmou ter bombardeado um comboio pró-Kadhafi próximo a
Sirte.
"Aproximadamente às 8h30 locais (10h30 de Brasília) de hoje, a Otan
bombardeou veículos da força militar pró-Kadhafi que faziam parte de um
grupo maior que manobrava nas vizinhanças de Sirte", afirmou o
porta-voz, coronel Roland Lavoie.
A Otan não precisou se Kadhafi se encontrava neste comboio militar "que
representava uma ameaça para os civis", segundo a fonte.
"O Departamento de Estado não pode, neste momento, confirmar as
notícias da imprensa sobre a captura ou morte de Muammar Kadhafi",
declarou a porta-voz da diplomacia americanao, Victoria Nuland. Segundo
ela, a diplomacia americana estava trabalhando para obter informação
confiável.
Comemoração
Mas os rebeldes e a população já comemoravam a notícia nas ruas das principais cidades líbias.
O ex-ministro de Defesa do regime deposto, Abubakr Yunes Jaber, morreu em Sirte, disse à France Presse o médico Abdu Rauf.
Mustava Abdel Jalil, chefe do CNT, deve fazer um pronunciamento na TV em breve, segundo a TV Líbia Livre.
O portal do canal de TV Al Libya, pró-Kadhafi, desmentiu a notícia da
"captura ou da morte" do coronel. Segundo a emissora, o ex-líder líbio
goza de "boa saúde".
Desaparecido
Kadhafi, derrubado após a tomada da capital, Trípoli no fim de agosto,
estava desaparecido desde então, e prometia reagir às tropas do Conselho
Nacional de Transição, órgão político da rebelião líbia, que tenta, com
apoio das potências ocidentais, reorganizar o país na transição para a
democracia.
Kadhafi era procurado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, da
ONU, por crimes contra a humanidade cometidos durante a repressão aos
rebeldes.
O CNT havia falado, em várias ocasiões, que pretendia levar o coronel e seus aliados a julgamento no próprio país.
Iniciada em meados de fevereiro na cidade de Benghazi, a rebelião
contra o ex-ditador colocou a Líbia em uma violenta guerra civil e em
crise humanitária, que provocou milhares de mortes.
A rebelião contra Kadhafi começou no contexto da chamada Primavera
Árabe, série de movimentos pró-democracia que também derrubou governos
na Tunísia e no Egito e abala atualmente os regimes ditatoriais no Iêmen
e na Síria.
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