O Padre Djacy Brasileiro, de
Santa Cruz, Sertão paraibano, é um fervoroso defensor dos sapos. Ele lançou a campanha ecológica “adote um
sapo por amor a Deus, a sua vida e à natureza”. Pelo inusitado da ideia,
essa história circula pela internet e já chegou na China, lugar onde se come
sapo assado, depois de extraído seu veneno natural.
O padre Djacy Brasileiro é formado
em Filosofia e Teologia, o que certamente lhe confere mais autoridade na
compreensão dos “sapos”. Trata-se de uma campanha ecológica. Segundo o aplicado
sapólogo, “amar o sapo, bicho tão agredido, chutado, é expressão maior de amor
à natureza, que clama por socorro”.
O assunto está repercutindo até na
realeza. O Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança comenta a campanha do
padre Djacy no blog “Paz no Campo”. Certamente o Príncipe tem muito a ver com
sapo, vide as histórias infantis, onde a bela princesa beija um sapinho na
lagoa e aparece o belo príncipe desencantado.
A questão é realmente séria. O Príncipe
até sugere mudar as palavras divinas: “Amar o sapo sobre todas as coisas”.
Outros acham que a campanha do Padre Djacy Brasileiro não é muito católica. “É
uma religião ecológica, eivada do mais crasso paganismo!”, bradam os fiéis
conservadores. “Deus e os homens são desprezados para se glorificar um
anfíbio”, reclamam os sectários da teologia da libertação. Enquanto isso, o
Padre Djacy faz seu dever de casa, adotando vários sapos em sua casa paroquial.
Só um problema: os sapos são avessos à claridade emitida pelos holofotes tão
anelados pelo vigário amigo dos peçonhentos e verrugosos bichinhos.
“Ora, o sapo ajuda no equilíbrio
ecológico, engolindo todos os mosquitos que nos são ofensivos. Então, amar o
sapo, nada mais é que nós amarmos a nossa vida, a nossa mãe terra com suas
biodiversidades (ecossistema, espécies e genes), que pede clemência”, prega o
vigário Djacy.
Trabalhei com um colega cujo
divertimento era aplicar injeções de óleo diesel nos sapos, na estação
ferroviária de Itabaiana. Algum tempo depois, esse colega ficou aleijado. Uma
de suas pernas secou misteriosamente. Castigo por ter maltratado e matado os
sapinhos, disseram os supersticiosos. Venho engolindo muitos sapos pela vida
afora, mas gosto dos bichinhos. Vou adotar um cururu.
Por
causa da campanha do padre, passei a estudar esse interessante animal. Não
duvido que o sapo saia de seu esconderijo na lagoa e fique por cima da onda,
vire moda, tome forma de chaveiros,
carteiras, abridores de latas, porta-trecos, aparelhos de telefone, cestos de
roupa suja, caixas para presente e uma infinidade de outros objetos. Esse bicho
tão feinho tornou-se o amor de muita gente. “Gosto de sapos pelo animal mesmo”,
diz a jornalista carioca Ana Cristina Furtado Teixeira, 27, que além de
colecionar objetos em forma do animal (são 521 peças), criou um site na
internet dedicado exclusivamente aos anfíbios e à sua paixão por eles. No site,
é possível encontrar de tudo sobre o assunto, além de conhecer o vasto arsenal
“sapônico” da moça. “Não é bonito, não é fofinho, mas é um animal engraçado. É
um bicho na dele. Parece aquele tipo de pessoa ‘caladona’. Aparece e desaparece
e ninguém nota. Um sapo é capaz de viver no seu jardim e você nem notar que ele
está lá. O sapo também tem personalidade forte”, diz a adoradora do bicho
saltador. Ela ainda não conhece o Padre Djacy Brasileiro.
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