O futuro do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, deve
ser decidido nos próximos dias. O assunto seria tratado neste domingo em
conversa da presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Lula, no
Palácio da Alvorada. Mas, por conta do vazamento da notícia, o encontro
foi cancelado – exatamente para não repetir o que aconteceu há duas
semanas, quando Lula fez uma série de reuniões políticas em Brasília e
exibiu ter forte influência no atual governo, o que incomodou a
presidente. Segundo políticos da base governista, os dois conversaram
por telefone.
A decisão – se Palocci deixa ou não a Casa Civil – deve demorar mais um pouco. É que a agenda da presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira é quase toda tomada por encontros com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que fará sua primeira visita ao Brasil do mandato da presidente. Por isso, o caso Palocci deve ser retomado após a partida dele. E ela precisaria tempo para reorganizar o governo.
Dilma avalia o caso Palocci desde a noite de sexta-feira, depois de ter assistido pela Globonews a entrevista de Palocci ao Jornal Nacional. Nela, o ministro negou ter feito tráfico de influência, mas repetiu que não poderia apresentar a lista de clientes de sua empresa, a Projeto, nem o faturamento dela nos quatro anos em que foi deputado federal.
A presidente passou o fim de semana recolhida no Palácio da Alvorada. A alguns assessores, ela confidenciou que nas duas entrevistas (ao Jornal Nacional e ao jornal “Folha de São Paulo”) Palocci não conseguiu sepultar o assunto, mas, também, o caso não se agravou com novas denúncias. Mas não conversou com políticos. O estilo reservado de Dilma surpreende os aliados.
- Ela não conversa com ninguém. Não se sabe o que ela pensa – afirmou um líder governista.
Segundo petistas de São Paulo, Lula, que retornou de viagem a Cuba e à Venezuela onde esteve com os ex-ministros José Dirceu e Franklin Martins, teria avaliado que Palocci perdera as condições políticas de continuar no cargo.
Esta é a avaliação de aliados do governo – ainda que não haja uma acusação específica contra Palocci, ele teria perdido as condições de ser o “gerente” do governo e, principalmente, de atuar como articulador da base governista, como aconteceu nestes primeiros meses de governo.
Mesmo que ainda não se conheça a decisão da presidente Dilma sobre o futuro de Palocci, o mundo político já discute a sucessão dele na Casa Civil. Há uma corrente entre os aliados de que Dilma deve reestruturar a organização do Palácio do Planalto, de modo a dar um perfil eminentemente técnico à Casa Civil. Assim, ela deveria reforçar a articulação política, hoje ocupada pelo ministro Luiz Sérgio, que chegou ao posto por indicação do grupo do ex-ministro José Dirceu. Para não afetar o equilíbrio de forças no PT, se Luiz Sérgio for substituído, o sucessor deve sair do mesmo grupo.
- Ela procura uma Dilma para a Dilma – disse um interlocutor, referindo-se ao papel de Dilma quando foi escolhida por Lula para suceder José Dirceu na Casa Civil.
Antes mesmo da posse de Dilma, Lula teria dito que não se deve ter no Palácio do Planalto alguém com pretensões políticas – como era o caso de Dirceu e sera o de Palocci, agora. Assim, se for confirmada a saída de Palocci, haveria mais mudanças no Palácio do Planalto. Mas, segundo petistas, ele próprio sugeriu o nome de Palocci para um cargo no Palácio do Planalto. Inicialmente, seria a Secretaria-Geral da presidência, uma vez que, de início, Palocci rechaçara a idéia de ir para o Ministério da Saúde.
Desde já, aliados do governo percebem o reforço do papel do ministro Gilberto Carvalho – um nome cotado para assumir a coordenação política, caso a Casa Civil assuma o perfil técnico. Há algumas semanas, ele assumiu o papel de uma espécie de porta-voz de mensagens do governo, seja para a sociedade civil ou para a base parlamentar, ao mesmo tempo em que é o elo do governo com os movimentos sociais.
Procurador e Câmara
É esperada para esta semana, o pronunciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre o caso Palocci. Instado pela oposição, Gurgel pediu explicações sobre o patrimônio de Palocci que, segundo reportagem do jornal “Folha de São Paulo”, teria aumentado 20 vezes no período em que foi deputado federal.
Está prevista para esta terça-feira a resposta do presidente da Câmara, Marco Maia, à convocação feita pela oposição para que Palocci dê explicações à Comissão de Agricultura da Câmara sobre o aumento de seu patrimônio. Maia já disse a interlocutores que vai cancelar a aprovação feita pela oposição, alegando que mais de 30 deputados o teriam procurado para contestar a forma de aprovação do requerimento.
A assessoria da presidência encontrou uma justificativa para arquivar o pedido. Segundo um parlamentar, o regimento exige que este tipo de requerimento seja apresentado com 24 horas de antecedência – o que não aconteceu no caso da convocação de Antonio Palocci.
Cris Lôbo
A decisão – se Palocci deixa ou não a Casa Civil – deve demorar mais um pouco. É que a agenda da presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira é quase toda tomada por encontros com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que fará sua primeira visita ao Brasil do mandato da presidente. Por isso, o caso Palocci deve ser retomado após a partida dele. E ela precisaria tempo para reorganizar o governo.
Dilma avalia o caso Palocci desde a noite de sexta-feira, depois de ter assistido pela Globonews a entrevista de Palocci ao Jornal Nacional. Nela, o ministro negou ter feito tráfico de influência, mas repetiu que não poderia apresentar a lista de clientes de sua empresa, a Projeto, nem o faturamento dela nos quatro anos em que foi deputado federal.
A presidente passou o fim de semana recolhida no Palácio da Alvorada. A alguns assessores, ela confidenciou que nas duas entrevistas (ao Jornal Nacional e ao jornal “Folha de São Paulo”) Palocci não conseguiu sepultar o assunto, mas, também, o caso não se agravou com novas denúncias. Mas não conversou com políticos. O estilo reservado de Dilma surpreende os aliados.
- Ela não conversa com ninguém. Não se sabe o que ela pensa – afirmou um líder governista.
Segundo petistas de São Paulo, Lula, que retornou de viagem a Cuba e à Venezuela onde esteve com os ex-ministros José Dirceu e Franklin Martins, teria avaliado que Palocci perdera as condições políticas de continuar no cargo.
Esta é a avaliação de aliados do governo – ainda que não haja uma acusação específica contra Palocci, ele teria perdido as condições de ser o “gerente” do governo e, principalmente, de atuar como articulador da base governista, como aconteceu nestes primeiros meses de governo.
Mesmo que ainda não se conheça a decisão da presidente Dilma sobre o futuro de Palocci, o mundo político já discute a sucessão dele na Casa Civil. Há uma corrente entre os aliados de que Dilma deve reestruturar a organização do Palácio do Planalto, de modo a dar um perfil eminentemente técnico à Casa Civil. Assim, ela deveria reforçar a articulação política, hoje ocupada pelo ministro Luiz Sérgio, que chegou ao posto por indicação do grupo do ex-ministro José Dirceu. Para não afetar o equilíbrio de forças no PT, se Luiz Sérgio for substituído, o sucessor deve sair do mesmo grupo.
- Ela procura uma Dilma para a Dilma – disse um interlocutor, referindo-se ao papel de Dilma quando foi escolhida por Lula para suceder José Dirceu na Casa Civil.
Antes mesmo da posse de Dilma, Lula teria dito que não se deve ter no Palácio do Planalto alguém com pretensões políticas – como era o caso de Dirceu e sera o de Palocci, agora. Assim, se for confirmada a saída de Palocci, haveria mais mudanças no Palácio do Planalto. Mas, segundo petistas, ele próprio sugeriu o nome de Palocci para um cargo no Palácio do Planalto. Inicialmente, seria a Secretaria-Geral da presidência, uma vez que, de início, Palocci rechaçara a idéia de ir para o Ministério da Saúde.
Desde já, aliados do governo percebem o reforço do papel do ministro Gilberto Carvalho – um nome cotado para assumir a coordenação política, caso a Casa Civil assuma o perfil técnico. Há algumas semanas, ele assumiu o papel de uma espécie de porta-voz de mensagens do governo, seja para a sociedade civil ou para a base parlamentar, ao mesmo tempo em que é o elo do governo com os movimentos sociais.
Procurador e Câmara
É esperada para esta semana, o pronunciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre o caso Palocci. Instado pela oposição, Gurgel pediu explicações sobre o patrimônio de Palocci que, segundo reportagem do jornal “Folha de São Paulo”, teria aumentado 20 vezes no período em que foi deputado federal.
Está prevista para esta terça-feira a resposta do presidente da Câmara, Marco Maia, à convocação feita pela oposição para que Palocci dê explicações à Comissão de Agricultura da Câmara sobre o aumento de seu patrimônio. Maia já disse a interlocutores que vai cancelar a aprovação feita pela oposição, alegando que mais de 30 deputados o teriam procurado para contestar a forma de aprovação do requerimento.
A assessoria da presidência encontrou uma justificativa para arquivar o pedido. Segundo um parlamentar, o regimento exige que este tipo de requerimento seja apresentado com 24 horas de antecedência – o que não aconteceu no caso da convocação de Antonio Palocci.
Cris Lôbo
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