por carlos alberto ferreira
Responsável pela transposição do Rio São Francisco, o Ministério da
Integração Nacional divulgou uma nota sobre o andamento do projeto.
No
texto (disponível aqui), informa-se que fiscais da pasta “identificaram
rachaduras, fissuras e descolamento de placas de concreto em três
trechos” da obra.
As “falhas” foram classificadas como “serviços em deterioração”. Afetam canais assentados nas cidades de Floresta e Custódia.
Ambas ficam em Pernambuco, o Estado do ministro Fernando Bezerra (PSB), titular da pasta da Integração Nacional
“Não há nenhum risco de prejuízo para o ministério”, anota o documento divulgado nesta quarta (7).
Alega-se que “os serviços possuem garantia contratual e serão reparados pelas empresas.”
“O Ministério da Integração não pagará, em hipótese alguma, o mesmo serviço em duplicidade”, enfatiza o texto.
A nota vem à luz quatro dias depois da veiculação de notícia sobre a deterioração e a paralisia das obras do São Francisco.
Vendida
por Lula como “prioridade” do PAC, a transposição foi levada à vitrine
eleitoral de 2010 como evidência da capacidade gerencial de Dilma
Rousseff.
Depois da posse de Dilma, o que era prioritário no gogó
tornou-se a secundário na prática. As obras passaram a conviver com
desencontros financeiros.
As empreiteiras condicionaram a
continuidade de determinados trechos à renegociação dos valores. Sem
acordo, evoluiu-se para a paralisia.
Hoje, as obras estão orçadas
em R$ 6,8 bilhões. Uma cifra 36% acima dos valores iniciais. O governo
já pagou R$ 2,7 bilhões. Empenhou outros R$ 3,8 bilhões.
Em sua
nota, o ministério tenta contester a paralisia: “O Projeto de Integração
do Rio São Francisco não está interrompido ou parado.”
Afora dois canais confiados ao Exército, há 14 lotes sob responsabilidade de consórcios privados.
A
despeito da negativa, o documento do ministério realça: “A obra conta
com 3.900 postos de trabalho e com dez lotes em atividade”.
Quer
dizer: se há dez trechos “em atividade”, existem outros seis inativos.
Entre eles, os três canais nos quais a fiscalização detectou “serviços
em deterioração”.
O ministério afirma que seus engenheiros realizam inspeções semanais nas obras.
Segundo a nota, as empresas responsáveis pelos trechos com avarias em Floresta e Custódia foram notificadas.
Parte do serviço –a colocação de 500 metros de placas de concreto que se deslocaram— já havia sido pago.
“Em
março deste ano, o Ministério da Integração estornou o montante de R$
89,1 mil da fatura correspondente a este serviço”, diz o texto.
A certa altura, o documento reconhece implicitamente as desavenças contratuais e a interrupção de trechos da obra:
“Com
a conclusão dos ajustes contratuais, o lote 10 deverá retomar as obras
em janeiro próximo. E o lote 9 deverá ser retomado em fevereiro de
2012.”
Mais adiante: “ Em janeiro de 2012, a construtora do lote
11, em Custódia, iniciará a recuperação de 385 metros de descolamento de
placas.”
- Serviço: Aqui, entrevista concedida por Fernando
Bezerra a uma rádio pernambucana. Na conversa, o ministro admite os
problemas e anuncia a realização de novas licitações.
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