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O gato do mato

Ameaçado de extinção pela ação do homem

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Tatu-peba em Riachão

Uma das mais belas espécies da caatinga.

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Cobra Bicuda em Riachão

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Dalai Lama critica conflitos religiosos no Brasil

'Uma religião jamais será universal'


O líder espiritual tibetano Tenzin Gyatzo, o atual Dalai Lama, é simpático, mas não excessivamente. Sua postura firme demonstra que não é utópico e tem plena consciência da realidade, tanto oriental quanto ocidental. Ele gosta de dar lições de vida e fazer piadas. Na frente das câmeras, brinca ao posar para fotos: tira os óculos, esconde o rosto atrás da tradicional roupa tibetana púrpura – e gargalha. Às vezes, também faz careta, mantendo o bom humor.




Em sua quarta visita ao Brasil, para um ciclo de palestras em São Paulo, ele concedeu uma entrevista coletiva à imprensa, na qual falou principalmente de religiosidade. "Vim até aqui falar a vocês como um entre os 7 bilhões de seres humanos do planeta. Somos basicamente todos iguais, nos níveis físico e mental. Claro que temos diferenças de língua, raça e fé religiosa, mas tudo isso é secundário", iniciou sua fala ante os jornalistas, que ficaram restritos a questões sobre este e outros dois temas: negócios e ciência, deixando de fora qualquer assunto relacionado a política – mesmo após sua recente renúncia ao poder político no Tibete, no início de agosto, quando foi eleito o novo premiê do país, o advogado Lobsang Sangay.




Dalai Lama criticou os constantes conflitos religiosos, ressaltando a importância da harmonia e a consciência de igualdade. "A diferença entre religiões é explorada por pessoas não bem intencionadas que visam à ascensão no poder", lamentou. "Mesmo que tenham filosofias diferentes, as religiões defendem valores semelhantes para a conduta ética e trazem a mesma mensagem de amor, compaixão e perdão."




Segundo ele, as ações dos humanos devem trazer conforto e prazer ao outro, não medo e dor. "Os sentimentos que são transmitidos voltam para você", enfatizou. Em seu novo livro, Toward a True Kinship of Faiths: How the World's Religions Can Come Together (Em direção a um verdadeiro parentesco entre as crenças: como as religiões do mundo podem se unir, em tradução livre), ele fala exatamente dos traços comuns entre as religiões, tema que sempre lhe trouxe curiosidade.




"Uma religião jamais será universal. Mesmo que fosse a melhor do mundo, não conseguiria suprir as necessidades espirituais de todos os seres humanos, pois as pessoas têm diferentes disposições mentais", observou, lembrando que, para alguns, a figura de um só criador não faz sentido, enquanto para outros, a própria religião é dispensável. "O importante é que os homens mantenham o bom senso e a ética. Dessa forma, a paz interior se estende para a família e a comunidade."




E definindo toda a população mundial como "irmãos e irmãs que compartilham a mesma casa", Dalai Lama aproveitou para entrar no tema sustentabilidade e elogiar a conscientização do Brasil que, segundo ele, é maior hoje do que era na época de sua primeira visita, em 1992. "Os governos estão mais entusiasmados com as questões ambientais.




Em contrapartida, grandes países como a China e a Índia ainda priorizam os interesses nacionais em detrimento dos globais, o que não acho uma boa coisa", ponderou. Para ele, a promoção da paz e a proteção da natureza são igualmente importantes, como comer e beber. "Todos precisam das duas coisas." A mesma relação pode ser feita entre oração e meditação, que servem para recarregar as baterias, mas não são suficientes sem a prática de valores como amor e compaixão no dia-a-dia.




"É importante não se deixar avassalar por sentimentos negativos, como raiva, ódio e medo, mesmo que não seja praticante", opinou. Aos jornalistas, deu um recado especial: "Vocês têm um papel importante da promoção desses valores, em meio às inúmeras catástrofes reportadas".




O Lama - Desde que assumiu o poder em 1950, aos 15 anos, Tenzin Gyatso se afastou da tradição "vajrayana" de isolamento e elegeu como missão espalhar pelo mundo os conceitos básicos do budismo e transformou a causa da libertação do Tibete em um tema mundialmente conhecido. Ele é o 14º de uma seita que está no poder desde o século XVII. Como todos seus antecessores, foi reconhecido como reencarnação do Dalai Lama quando criança, aos 3 anos, por meio de sonhos e presságios de monges budistas.




Assim como o papa, ele é designado Sua Santidade. Sua forma de pregar a libertação do Tibete sem o uso da violência lhe rendeu um Nobel da Paz, em 1989. Sua primeira visita ao Brasil foi em 1992, durante a Eco-92. Os lamas são vistos pela população local como a reencarnação de Buda. Confira mais detalhes sobre o budismo e Dalai Lama na lista abaixo:




Entenda quem é o Dalai Lama e que poder exerce no mundo


Status de papa

O Dalai Lama representa para os seguidores do budismo tibetano papel similar ao do papa para os católicos, ou mais do que isso: pois, para os fiéis daquela religião, os lamas são vistos como a reencarnação de Buda. Assim como o papa, ele é designado Sua Santidade. Uma característica marcante da versão tibetana do budismo é a participação intensa da população nos assuntos religiosos. No Tibete, o líder espiritual é venerado de tal forma que chega a dificultar o domínio chinês sobre sua cultura.


Escolha de um lama Os lamas são detectados entre as crianças pelos monges budistas, por meio de sonhos e presságios. A descoberta e verificação do escolhido, no entanto, envolve outros processos. Assim que um Dalai Lama se aproxima da morte e dá indicações sobre seu renascimento, começam as buscas pela criança, que pode se identificar por iniciativa própria ou então ser reconhecida por possuir certos "poderes especiais". A pesquisa é conduzida em segredo, para investigar predições de oráculos, sinais estranhos e fenômenos.



Ascensão ao poder Os lamas só assumem o poder após a morte de seu antecessor. Como o Dalai Lama é ungido aos 3 anos de idade, um regente é designado para governar até que o escolhido atinja a maioridade. Enquanto isso não acontece, a criança é levada para iniciar seus estudos e treinamentos preparatórios para se tornar o líder espiritual e religioso do Tibete. O atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, é o 14º de uma seita que está no poder desde o século XVII.



Chefe de estado O budismo tibetano, em sua formação, preferiu manter-se isolado de influências externas. Dessa forma, o Tibete transformou-se em um estado religioso governado por seu sacerdote supremo e que, durante muito tempo, não manteve relações diplomáticas com nenhum outro país. Isso fez do budismo local uma variante única no mundo. No Tibete, vive-se de acordo com a tradição vajrayana, ou "veículo do raio", caracterizada por conferir mais importância aos aspectos místicos e ritualísticos do budismo, enfatizando, por exemplo, a crença na reencarnação e no ciclo de nascimentos e renascimentos dos indivíduos. Ao Dalai Lama, como líder político e espiritual, cabia a missão de negociar a autonomia do Tibete com o governo chinês (que controla a região desde 1951) - o que incluiria a liberdade de culto e restauração do ensino em língua local.



Renúncia Em março de 2011, o Dalai Lama oficializou sua intenção de renunciar aos poderes políticos do Tibete, seguindo apenas como o líder religioso. Mas seus planos de deixar o poder político não vêm de hoje. Em 1992, ele publicou, no exílio, as diretrizes para a Constituição de um futuro Tibete livre. Nelas, determinou que sua primeira medida seria estabelecer um governo interino com a principal responsabilidade de eleger uma Assembleia Constituinte - que, por sua vez, deveria criar e implantar uma Constituição democrática. Todo esse processo só começou a se concretizar em agosto de 2011, quando transferiu oficialmente sua "autoridade formal" ao primeiro-ministro da região, o professor universitário Lobsang Sangay, de 43 anos.







Revista Veja

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