A
Paraíba é o 3º estado do Brasil que menos realizou obras do Programa de
Aceleração do Crescimento. Dados dos relatórios estaduais divulgados
pelo comitê gestor do PAC revelam que apenas 11% das ações previstas
foram concluídas após quatro anos de programa. O estado fica atrás
apenas do Piauí (6%) e de Sergipe (10%) e está empatado com os estados
de Alagoas, Bahia e Rio Grande do Norte.
De um total de 574 obras a Paraíba concluiu apenas 61, 96 estão em
execução, 143 em obra, 22 em licitação e 252 passando por uma ação
preparatória.
Em
todo o Brasil apenas 19% das ações previstas pelo PAC foram concluídas
após quatro anos de programa. Das 13.377 ações listadas pelo governo nos
três eixos – logístico, energético e social-urbano –, pouco mais de
2.500 foram finalizadas até dezembro de 2010. Cerca de 5.100
empreendimentos (38%) ainda estão no papel, ou seja, nos estágios
classificados como “ação preparatória” (estudo e licenciamento) e “em
licitação”, enquanto exatamente 5.750 ações constam em obras ou em
andamento, quantidade que representa 43% do total.
Se excluídas do cálculo as obras de saneamento e habitação, que
representam cerca de 90% da quantidade física total de projetos listados
no PAC, o percentual de ações concluídas, de acordo com o último
balanço oficial, sobe para 62%. A metodologia de divulgação dos números
usada pela Casa Civil nas cerimônias de divulgação dos resultados exclui
as duas áreas desde o primeiro anúncio, apesar de estarem previstas no
orçamento do programa, que é de R$ 657,4 bilhões que deveriam ser
aplicados entre 2007 e 2010.
Quem fez mais - São Paulo, o estado mais rico do
país, concentra a maior quantidade de obras concluídas. Das 1.124 ações,
137 foram finalizadas até dezembro, dentre elas a complementação da
reforma, adequação e modernização do terminal de passageiros do
aeroporto Congonhas, o trecho sul do Rodoanel e o corredor expresso
Tiradentes. Já o estado de Minas Gerais, dono da maior malha rodoviária,
tem o segundo maior número de ações entregues no período, 204 ao todo.
Apesar disso, tanto em São Paulo, quanto na terra natal da “mãe” do
programa, a presidente Dilma Rousseff, o índice percentual de conclusão
das ações também alcançam apenas 19%.
Aliás, percentualmente, o estado de Roraima e Mato Grosso do Sul são
os melhores posicionados, ambos com quase metade das ações concluídas.
Na outra ponta, com as menores quantidades de ações encerradas aparecem o
Distrito Federal, Sergipe, Amapá e Piauí, todos com menos de 30 obras
do programa inauguradas nos últimos quatro anos.
As informações do balanço de quatro anos do PAC, que englobam
investimentos previstos pela União, empresas estatais, iniciativa
privada e contrapartida de estados e municípios, foram consolidadas pelo
Contas Abertas em parceria com o jornal Correio Braziliense.
Obras concluídas representam 68% do PAC, diz governo - O
cálculo do governo federal é baseado no valor investido nas obras, e
não na quantidade física listada nos relatórios estaduais do programa.
Assim, de acordo com o balanço de quatro anos do PAC, R$ 619 bilhões
(94%), dos R$ 657,4 bilhões já foram aplicados nos projetos do programa
entre 2007 e 2010. As ações concluídas somam R$ 444 bilhões, ou 68% do
total.
Da verba global desembolsada, R$ 216,9 bilhões são de financiamentos
habitacionais para pessoas físicas, o equivalente a 35% do aplicado
entre 2007 e 2010, ou metade do que o governo garante ter concluído. O
restante da fatia aplicada é dividido entre empresas estatais (R$ 202,8
bilhões), setor privado (R$ 128 bilhões), Orçamento Geral da União (R$
55 bilhões), contrapartida de estados e municípios (R$ 9,3 bilhões) e
financiamento ao setor público (R$ 7 bilhões).
Burocracia e publicidade - Para o economista e
vice-presidente do Sindicato dos Economistas do estado de São Paulo,
Paulo Brasil, o percentual de ações concluídas traduz uma realidade já
constatada. “No anseio de divulgar ações previstas no principal programa
de governo e carro chefe da campanha da atual presidente,
desconsiderou-se todo o tramite burocrático que cerceia os atos
administrativos”, lamenta.
Para o especialista em finanças públicas, além da questão
burocrática, era preciso discutir o planejamento implementado e a
eficiência e eficácia na execução do PAC. “Não se pode tão somente
culpar eventuais discussões a respeito do impacto ambiental de algumas
obras, pois ele se faz necessário, assim como não se pode culpar os
órgãos de controle que atuam em sua função constitucional, pois estes
defendem interesses da sociedade”, acredita Paulo Brasil, ao referir-se
às auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU).
Outra abordagem do especialista diz respeito à implementação da
segunda versão do PAC, o PAC 2. “Embora se tenha a plena concepção da
necessidade urgente de investimentos no país, a implantação do PAC 2 nas
condições atuais [enquanto 80% do PAC 1 continua em andamento] tem uma
conotação muito mais de ‘marca de governo’ do que de gestão
estratégica”, afirma.
Para ele, o atual panorama econômico mundial traz oportunidades e a
necessidade de investimentos para que o Brasil possa assumir ainda mais
um papel de destaque no cenário internacional. No entanto, segundo o
economista, é preciso rever as prioridades. “Além dos eixos logístico,
energético e social-urbano, é premente uma revisão no sistema
tributário, por exemplo, além de investimento significativo, sério e
competente em educação, haja vista a percepção de ausência substancial
de mão de obra qualificada tanto no nível técnico como de profissionais
de nível superior”, conclui.
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