Até março o repasse do FPM se mantém crescente. Já a partir de abril, é esperada uma queda no repasse dos recursos
Os municípios terão, sim, dificuldade em
pagar o novo salário mínimo - de R$ 545,00, especialmente os que
dependem quase que exclusivamente do repasse do Fundo de Participação
dos Municípios (FPM). A previsão é do presidente da Federação dos
Municípios da Paraíba (Famup), Rubens Germano (PSDB), que é prefeito de
Picuí. Ele afirmou ter conhecimento de gestor que pagou a folha de
dezembro com a cota do FPM, depositada em 10 de janeiro passado.
Afirmou ainda que se os prefeitos
fizerem as adequações ou economias necessárias até março, chegará ao
final do ano com tranquilidade financeira para evitar os atrasos no
pagamento dos salários.
Até março o repasse do FPM se mantém
crescente. Já a partir de abril, é esperada uma queda no repasse dos
recursos, principal fonte de renda da maioria dos municípios. “É um
efeito sanfona. Os tributos importantes são captados em janeiro,
fevereiro e março, abril começa a cair. Sobe um pouco em agosto, cai em
setembro e de outubro e começa o crescimento novamente”, explicou Buba
Germano, como é mais conhecido.
Para o prefeito, o repasse não é linear,
mas o pagamento dos salários sim. Ele usou como exemplo o orçamento da
Prefeitura de Picuí, que é de R$ 26 milhões/mês. “Eu tenho que me
programar nessa lógica, mas o valor do duodécimo não é fixo. Se fosse
assim, era muito bom. Você só errava se quisesse porque já sabia quanto
ia receber”, analisou.
Ele descartou uma "quebradeira", mas
disse faltar planejamento e equilíbrio financeiro por parte dos
prefeitos já que todos sabem que, em janeiro, o salário mínimo aumenta.
“Se você não consegue equilibrar receita e despesa, os débitos se
acumulam”. Buba Germano disse ser fundamental que, no início do ano, os
prefeitos se planejem e façam adequações. Criticou a rigidez da Lei de
Responsabilidade Fiscal para com os municípios.
“Estou a seis anos à frente da
Prefeitura de Picuí, entrando no sétimo, e nunca atrasei um pagamento
de salário, pagando dentro do mês trabalhado”. Ao ser questionado sobre
qual é a fórmula, o prefeito afirmou que costuma trabalhar com uma
receita dentro. “Dá garantia ao gestor”. Explicou que janeiro, por ser
um mês de receita maior, corta gratificações, reduz carga horária e dá
férias coletivas aos professores. E arrematou: “O segredo é planeja”.
A Famup orienta os prefeitos a se
planejar. Ele lembra que muitos, ao invés de economizar, fazem
investimentos no início e falta dinheiro para o pagamento dos salários.
“A Famup está de portas abertas para sugerir, fazer um diagnóstico do
município. O que eu não posso é interceder na decisão do gestor”,
ressaltou.
CNM prevê que 12% não cumprirão lei
São Paulo (Folhapress) -
Levantamento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) aponta que
650 dos 5.565 municípios do país (12%) não conseguirão cumprir a Lei de
Responsabilidade Fiscal com o salário mínimo reajustado. Nos 223
municípios paraibanos, 83.654 servidores públicos recebem até 1,5
salários mínimos.
Isso ocorre apesar de o governo federal
ter conseguido, na última quarta, que a Câmara dos Deputados aprovasse o
mínimo de R$ 545, menor quantia em votação. Atualmente, diz a
confederação, 480 prefeituras já não conseguem cumprir a legislação que
limita os gastos com funcionalismo a 60% de sua receita corrente
líquida.
“Os municípios que ultrapassarem o
limite não têm saída. Vão demitir o quê? A gente vai ter prefeito com
conta rejeitada e município sem receber transferência voluntária”,
disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Para ele, o aumento do mínimo pode ter impacto também em áreas como saúde, educação, infraestrutura e segurança.
Segundo Ziulkoski, a maior parte dos municípios que passarão a não cumprir a lei fica no Nordeste. É o caso, por exemplo, de Juazeiro (BA), de 198 mil habitantes.
Segundo Ziulkoski, a maior parte dos municípios que passarão a não cumprir a lei fica no Nordeste. É o caso, por exemplo, de Juazeiro (BA), de 198 mil habitantes.
Entre os municípios que já tinham
problemas para cumprir a meta, o aumento também preocupa. O prefeito de
Juazeiro do Norte (CE), Manoel Santana (PT), disse que já havia feitos
cortes de pessoal no ano passado para se adequar à lei.
Apesar de ainda não ter calculado o
impacto do novo mínimo na folha salarial da cidade, de 250 mil
habitantes, ele afirmou que serão afetadas, este ano, a área de limpeza
e os cargos comissionados. “Vai ser uma dificuldade muito grande.”
A confederação havia feito estimativas
de impacto também para os outros valores do mínimo em votação. Se fosse
aprovado o mínimo de R$ 600, defendido por parte da oposição, o número
de municípios que descumprem a lei passaria a 1.078 (19%).
Segundo a confederação, a estimativa foi
feita com base em dados de 2009. O impacto anual do novo salário para
as prefeituras, segundo o cálculo, será de R$ 1,33 bilhão.
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