Eduardo Carlos, dono do Sistema Paraíba: verba gorda no governo Maranhão e oposição radical ao governo Ricardo Coutinho
EXCLUSIVO
- Por ser o maior sistema de Comunicação do Estado, manter uma
histórica ligação com o PMDB e ainda por conta da intensa participação
no último pleito ao lado do Governo existe uma certeza absoluta na
cabeça de todo o paraibano: o Correio da Paraíba foi quem mais recebeu
verba publicitária nos dois anos do Maranhão III. Certo? Errado.
Surpreendentemente, informações do Tribunal de Contas do Estado, que o PolíticaPB
teve acesso com exclusividade, revelam que o Sistema Paraíba de
Comunicação, comandado pelo empresário Eduardo Carlos, recebeu R$
829.178,19 a mais do que o Correio na terceira era Maranhão.
O Sistema Correio de Comunicação (responsável por 80% da circulação
de jornais), que congrega o jornal Correio, o Já Paraíba, um portal, a
afiliada da TV Record no Estado, além das rádio 98 FM, Correio AM, CBN,
São Bento FM, Santa Maria AM, Correio do Vale FM e AM e rádio Mix 93,7,
recebeu R$ 3.615.771,31 da Secom estadual durante o Maranhão III. Já seu
principal opositor no meio jornalístico, o Sistema Paraíba, que tem em
seu cast as afiliadas da Globo em João Pessoa e Campina, Cabo Branco e
Paraíba, o Jornal da Paraíba, Portal Paraíba 1 e as rádios Cabo Branco
FM e 101 FM, faturou R$ 4.444.749,40.
Estes números referem-se diretamente à verba da Secretaria de
Comunicação Institucional do Estado. Fontes do Tribunal de Contas do
Estado ainda não tiveram acesso à verba liberada por órgãos da
administração indireta do Governo que também têm contas de publicidade, a
exemplo da Cagepa, Detran, Cinep e PBTur. Estima-se que esta proporção
seja a mesma, porque embora os recursos sejam descentralizados, é a
Secom quem controla e autoriza os gastos com publicidade em toda a
gestão.
Estes dados surpreendentes para o meio publicitário, empresarial e
jornalístico da Paraíba, como de resto para todo o cidadão comum do
Estado, talvez explique outra curiosidade que absolutamente ninguém
estava entendendo até o momento. O porquê do empresário Eduardo Carlos,
desde o primeiro dia do governo Ricardo Coutinho (PSB, ter adotado uma
postura radical de oposição, com ataques diários ao governador e seu
estilo de administrar, aos secretários estaduais e às ações do governo.
Por efeito colateral do socialismo, sobrou até para o prefeito da
capital Luciano Agra e sua administração.
Outro dado em poder do Tribunal de Contas que merece destaque é que
se o Governo Maranhão III não observou critérios políticos, também
passou por cima de critérios técnicos, pois vários exemplos são
estarrecedores quando se estabelecem comparativos. Por exemplo: de cada
100 jornais vendidos no Estado, segundo o respeitado IVC (Instituto de
Verificação de Circulação), 73 são Correio da Paraíba. Os outros 27
restantes se dividem entre os jornais da Paraíba, O Norte, Diário da
Borborema e A União. Mas nem os números avassaladores do IVC fizeram com
que a então secretária de Comunicação Lena Guimarães destinasse R$
256.574,40 ao Jornal da Paraíba, deixando o líder absoluto, Correio, com
apenas R$ 238.176,93.
Saindo um pouco do campo do jornalismo impresso, outra grande
surpresa imperou no rádio e televisão durante o Maranhão III. Quem
disputa palmo a palmo a audiência com os poderosos sistemas Correio e
Paraíba são as emissoras do empresário João Gregório, com muitos de seus
programas liderando as pesquisas do Ibope durante os anos de 2009 e
2010. Mas nem isso impediu que o Sistema Arapuan, que congrega as TVs
Arapuan e Miramar e as rádios Arapuan FM em João Pessoa, FM de
Cajazeiras e Sucesso 92 FM, recebesse apenas R$ 1.369.595,00. Enquanto
isso, os Diários Associados, que despencaram pelas tabelas na audiência e
por várias vezes esteve à venda nos últimos anos, recebeu R$
2.189,975,92.
Completando o quadro dos maiores sistemas de comunicação, a Tambaú,
com uma rádio e uma TV, afiliada do SBT, ficou com R$ 638.018,73. A
chamada imprensa independente, representada pelo combativo jornal
Contraponto, do jornalista João Manoel de Carvalho, não recebeu um
centavo do governo Maranhão. A fonte também revelou números sobre rádios
do interior e os portais e blogs. Em breve estaremos publicando, mas
desde já adiantamos que alguns consagrados portais de notícia, atestados
inclusive por respeitáveis fontes de aferição de audiência, receberam
muito menos verba do que portais desconhecidos e até blogs lidos apenas
por meia dúzia de pessoas.
PolíticaPB
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