Quinze dias depois da decisão do Superior Tribunal Federal
(STF) reconhecendo a união homoafetiva no Brasil, a aposentada Josefa
Ribeiro de Lima, 54, e a servidora pública aposentada Francisca Lustosa
Cabral, 64, que vivem juntas há quase 30 anos, se uniram oficialmente.
Elas
assinaram a escritura declaratória de união homoafetiva e registraram
no último dia 20 na cidade de Belém, no Brejo Paraibano, 123 quilômetros
de João Pessoa, que possui 17 mil habitantes. A união aconteceu no
Serviço Notorial e Registral Maria Guedes Alcoforado de Carvalho com a
presença de testemunhas e familiares.
A tabeliã Lúcia Helena
Aragão, explicou que concedeu a escritura declaratória de união
homoafetiva diante da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que
reconheceu a união estável entre parceiros do mesmo sexo no último dia 5
de maio deste ano. “Consultamos a Associação dos Notários Oficiais de
Registro Brasil (Anoreg-BR) que se posicionou favorável a decisão do STF
e em um processo de oito dias realizamos a união”, disse.
Ela
disse que depois de consultar uma advogada, as mulheres chegaram ao
cartório com a documentação necessária e requereram que fosse feita a
escritura declaratória de união homoafetiva no livro de notas. “Com os
dados fizemos a escritura no livro, e elas assinaram diante de duas
testemunhas, declarando que convivem há quase 30 anos, são do mesmo sexo
e desejavam a união de bens e direitos”, disse.
A concessão de
direitos civis através da decisão do STF foi o principal fator que
estimulou o casal a realizar a união. Francisca contou que mora com
Josefa há 29 anos e achava injusto o fato de que ela não teria nenhum
direito após sua morte nem podia ser sua dependente em plano de saúde.
“Após ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC) fiquei com medo que a
minha companheira ficasse desamparada”, contou.
A união estável
dá direito ao casal homossexual, herança e pensão alimentícia ou por
morte, além do aval de tornarem-se dependentes em planos de saúde e de
previdência. As mulheres moram no distrito de Belém, Rua Nova, que tem
cerca de 500 habitantes. “Mesmo sabendo que as duas conviviam há muitos
anos, o pessoal ficou surpreso com a decisão. No entanto o que não pode
ser discutido é a segurança de direitos entre as duas”, declarou Lúcia.
Jornal Correio da Paraíba
0 comentários:
Postar um comentário