Europeu e de extrema-direita mata mais de 90 pessoas em atentado na Noruega
Alguns
jornais americanos e europeus mais apressados foram logo atribuindo à
Al-Qaeda os atentados cometidos em Oslo, na Noruega, no qual morreram 92
pessoas e restam cinco desaparecidas. A razão invocada parecia evidente
- seria em represália aos soldados noruegueses no Afganistão, à
participação nos bombardeios líbios ou às caricaturas de Maomé.
Mas
se enganaram. O autor dos atentados não usa turbante, nem se chama
Mohamed ou Mustafá, nem tem barba, nem grita Alá é Grande e nem se
suicidou como costumam fazer os kamikases islamitas.
É
um autêntico escandinavo, alto e magro como um manequim, de cabelos
loiros, rosto branco longo, bem escanhoado e olhos azuis. Suas fotos
estão hoje em todos os jornais, na televisão, na Internet e na memória
dos pais que perderam seus filhos queridos.
Anders
Behring Breivik (foto), legítimo descendente dos vikings, é o que as
mulheres chamariam de um homem bonito com cara de anjo, que qualquer pai
deixaria sair de noite com sua filha.
Engano
fatal. Anders Behring Breivik é um assassino, cruel, impiedoso, que, na
ilha de Utoya, passou uma hora e meia descarregando seu
fuzil-metralhadora nos jovens participantes de um acampamento promovido
pelo Partido dos Trabalhadores e teria matado um número maior, se não
fosse a chegada de policiais alertados por desesperados twiters.
Ex-membro
de um partido nacionalista, da direita populista da Noruega, na verdade
da extrema-direita. O Partido do Progresso, seu nome, reúne os
defensores dos ideais conservadores e quer a proteção da Noruega contra a
invasão dos imigrantes estrangeiros, coisa de 10% de trabalhadores, que
deixaram seus países ensolarados para terem emprego e bom salário no
frio mas rico país exportador de petróleo.
Anders
Behring Breivik é nacionalista, defende os valores culturais e
religiosos do cristianismo fundamentalista, é contra o Islã ou religião
muçulmana, contra o multiculturalismo, contra a mestiçagem da sociedade
ocidental, contra os imigrantes e contra o socialismo trabalhistas
democrático que governa o país. Frequentou um clube de tiro ao alvo,
donde sua precisão no massacre perpretado, tinha revólver e
fuzil-metralhadora em casa e aprendeu a fazer bomba com adubo agrícola.
Bombas, diga-se de passagem, mais potentes que as usadas pela Al-Qaeda.
O
bonito e angelical norueguês lembra um americano também capaz de
colocar em prática seu ódio ideológico. Lembra Timothy McVeigh, do
atentado também contra um prédio administrativo em Oklahoma City, no
qual morreram 168 pessoas, em abril de 1965. Timothy era branco, jovem
de 26 anos, e se sentia atraído pelas idéias extremistas dos
neonazistas. E igualmente não se suicidou após o massacre cometido.
Talvez se possa dizer que tanto Timothy como Anders sentiram-se
satisfeitos por terem concluído seus projetos de ódio.
E
se o autor dos atentados fosse islamita ? Provavelmente, haveria uma
represália e se responsabilizaria a coletividade muçulmana. Porém, como
Anders é noruegues, militante de extrema-direita como provam seus
escritos sob pseudônimo na Internet e seu plano de massacre datado de
2009, não haverá uma responsabilização do fundamentalismo cristão, nem
da ideologia da extrema-direita, que cresce nos países escandinavos. Se
não aparecerem cúmplices nos atentados, Anders será considerado
simplesmente um louco solitário e ponto final.
Postado no Direto da Redação
Com Folha 13
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