Soldados do combate reconhecem coronel reformado como médico suspeito de matar guerrilheiros com o método
Militar da reserva do Exército Walter da Silva Monteiro refuta que tenha envolvimento na guerrilha nos anos 70
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Soldados da Guerrilha do Araguaia (1972-74) reconheceram um coronel aposentado de Belém (Pará) como sendo o médico de bases militares onde ocorreram torturas e levantam a suspeita de seu envolvimento na morte de guerrilheiras com injeções letais.
"Esse aí era da linha de frente", relata o ex-soldado Adaílton Bezerra, que disse ter sido vítima de um suposto erro do médico -uma lavagem no ouvido teria resultado em danos no tímpano.
Monteiro, que já dirigiu dois dos principais hospitais de Belém, nega participação na Guerrilha do Araguaia.
Mesmo assim, será convidado a depor na Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República. Ele está livre de punição, graças à Lei da Anistia.
O militar, hoje na reserva do Exército, pode ser um arquivo vivo das violações aos direitos humanos no Araguaia, diz Paulo Fonteles Filho, observador do grupo do governo que busca ossadas.
Foi ele quem produziu o vídeo no qual aparece o relato sobre as injeções letais.
As possíveis mortes por esse método existem apenas em relatos.
A primeira menção a elas ocorreu há dois anos, por meio de um oficial do Exército que atuou no conflito. Mas a citação ao "capitão Walter" surgiu só no vídeo de abril.
"A gente ouviu circular no quartel que duas guerrilheiras tinham sido mortas com injeção. O pessoal dizia que tinha sido o capitão Walter, o médico", disse o ex-soldado Manuel Guido Ribeiro na gravação. Ele confirmou à Folha o teor do vídeo. Nele, está acompanhado por um colega, José Adalto Xavier.
Bezerra e outro ex-soldado, Raimundo Melo, confirmam que ouviram à época a história, mas não a ligam a Monteiro.
Agora, o observador do governo federal quer achar outras pessoas que deem mais detalhes das mortes.
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