No
último domingo, o ator José de Abreu, esse simpaticíssimo sessentão
paulista de Santa Rita do Passa Quatro, soltou uma nota no Twitter que,
desde então, vem sendo objeto de curiosidade e de intensos debates na
internet devido ao teor explosivo que encerra. Abaixo, a reprodução da
nota do ator. Foi capturada em seu perfil naquela rede social.
Diante
da enormidade que é haver dado concreto sobre uma premissa que todos
os que se interessam por política já intuíam diante do comportamento da
revista Veja nos últimos tempos, sobretudo após o caso escabroso em
que um repórter desse veículo tentou invadir o apartamento do
ex-ministro José Dirceu em um hotel de Brasília, decidi entrevistar o
autor de tão interessante informação.
Conversei
com Abreu por telefone durante cerca de 40 minutos. Foi mais um
bate-papo informal. Girou, basicamente, em torno da informação que o
ator obteve, mas enveredou por sua visão sobre como e por que um
empresário do setor de comunicação ousa mandar ao governo do país um
recado dessa magnitude, em termos de arrogância.
Segundo
Abreu, a informação lhe foi passada por um petista graúdo que procurou
a direção da Veja logo após a tentativa de invasão do apartamento de
Dirceu. O emissário não teria procurado a revista em nome do governo,
mas, sim, em nome do PT. Ainda segundo o entrevistado, essas conversas
de petistas e até do governo com a mídia ocorrem institucionalmente e
com freqüência.
A
tal “raposa felpuda” do PT teria ponderado com a direção da Veja que
precisaria haver limites, que a revista estaria passando da conta.
Enfim, teria sido a tentativa de um pacto de convivência mínimo. Aliás,
informação relevante do entrevistado foi a de que esse pacto até já
existe e é por isso que Dilma vem sendo poupada pela mídia, apesar dos
ataques ao seu governo.
A
resposta veio de cima, do próprio Roberto Civita, e foi a de que não
haveria acordo: a Veja pretende derrubar o governo Dilma. As razões
para isso não foram explicadas, apesar de que o interlocutor de Abreu
diz que o dono da Veja está enfurecido com os sucessivos governos do PT
que, nos últimos 9 anos, tiraram da grande mídia montanhas de dinheiro
público.
Sempre
segundo o entrevistado, apesar de muitos acharem que o governo “dá
dinheiro” à mídia (via publicidade oficial) apesar de ser fustigado por
ela, nos últimos 9 anos a publicidade do governo federal, a compra de
livros didáticos da Abril, enfim, tudo que o governo gasta com
comunicação passou a pingar nos cofres midiáticos em proporção
infinitamente menor do que jorrava até 2002.
De
fato, de 2003 para cá esse bilhão de reais que o governo gasta
oficialmente em comunicação, que até aquele ano era dividido entre 500
veículos, hoje irriga cerca de oito mil veículos, muitos deles com linha
editorial totalmente inversa à dos grandes meios de comunicação que
até o advento da eleição de Lula, em 2002, mamavam tranquilamente. E
sozinhos.
Abreu
também diz que essa coexistência de bastidores entre adversários
políticos (imprensa tucana, de um lado, e PT e governos petistas de
outro) se deve a um fato inegável: os políticos precisam da mídia e
isso fica claro quando a gente se surpreende ao ver petistas, os mais
alvejados por esses veículos, concedendo cordiais entrevistas aos seus
algozes.
Particularmente,
este blog não se surpreendeu com as revelações de José de Abreu. As
marchas contra a corrupção, o objetivo claro de impedir o funcionamento
do governo lançando matérias incessantes só contra o governo federal
enquanto escândalos enormes como o das emendas dos deputados estaduais
paulistas recebem espaço quase zero, mostram que a mídia pretende
inviabilizar o governo Dilma Rousseff.
Mais
uma vez, digo a quem não acredita: se o cavalo do golpe passar selado,
a mídia monta sem pensar. E, agora, tenho até evidências concretas
para fundamentar meu ponto de vista. Será, então, que o PT e o governo
Dilma vão ficar sentados esperando o golpe? Querem a minha opinião?
Acho que vão. Eles ainda acreditam que podem se entender com a imprensa
golpista.
>
Postado no blog da Cidadania
0 comentários:
Postar um comentário