Manchete do jornal Valor Econômioco desta segunda-feira (17) é que “Renda sobe e 2,2 milhões de lares saem do Bolsa Família”.
Segundo
a reportagem, desde a criação do Bolsa Família, no fim de 2003, até
setembro deste ano, 5,856 milhões de famílias deixaram de receber os
benefícios do programa. Cerca de 40% dos ex-beneficiários, ou 2,227
milhões de lares, fazem parte de núcleos familiares que aumentaram sua
renda per capita e não se enquadram mais na atual faixa de pagamento do
benefício –renda mensal em grupos de até R$ 70 por pessoa ou
rendimento individual mensal de R$ 70 a R$ 140. Segundo o Valor, esse
universo é composto principalmente por pessoas que foram beneficiadas
pela atual política de valorização do salário mínimo. Elas conseguiram
emprego formal, montaram negócios próprios ou foram alcançadas pela
aposentadoria rural ou Benefício de Prestação Continuada da Assistência
Social, que paga um salário mínimo para ex-trabalhadores rurais,
idosos e deficientes.
Aumento da renda
Desde
a criação do Bolsa Família, no fim de 2003, até setembro deste ano,
5,856 milhões de famílias deixaram de receber as transferências de
renda do governo federal. Os motivos para a saída do programa são os
mais variados, mas cerca de 40% dos ex-beneficiários fazem parte de
núcleos familiares que aumentaram sua renda per capita e não se
enquadram mais na atual faixa de pagamento do benefício, destinado a
grupos com renda mensal de até R$ 70 por pessoa ou rendimento individual
mensal na faixa que vai de R$ 70 a R$ 140.
Outras
dezenas de razões justificam o cancelamento da transferência no
período, como por exemplo o não cumprimento de condicionalidades na
área de educação e saúde (117 mil famílias), revisão cadastral não
concluída (613,1 mil famílias) e até mesmo decisão judicial (20 mil
famílias).
Nas
contas do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o estoque de
famílias que tiveram as transferências canceladas por aumento de renda
per capita é de 2,227 milhões nos últimos oito anos. Esse universo é
composto principalmente por pessoas dentro do grupo que foram
beneficiadas pela atual política de valorização do salário mínimo. Ao
conseguir um trabalho formal elas podem ser identificadas pelos gestores
municipais ou a partir da base de dados da Relação Anual de
Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. Além disso,
também se destacam pequenos empreendedores que montaram negócios e quem
foi alcançado pela aposentadoria rural ou pelo Benefício de Prestação
Continuada da Assistência Social (BPC), que pagam um salário mínimo
para ex-trabalhadores rurais, idosos e deficientes.
Tiago
Falcão, secretário nacional de renda de cidadania do MDS, explica que
as saídas não podem ser atribuídas somente aos benefícios pagos pelo
Bolsa Família, que hoje variam de R$ 32 a R$ 306, dependendo do número
de filhos, mas sustenta que o programa contribui para aumentar a renda.
“Além disso, o Bolsa e outros programas de transferência de renda
[previdência rural e BPC] chegaram definitivamente aos mais pobres,
permitindo principalmente o aumento da renda do trabalho de forma
combinada. Por isso tivemos efeitos interessantes na saída da pobreza”,
comenta Falcão.
Ele
ressalta que os dados de saída do Bolsa Família precisam ser vistos
com cautela por se tratarem de um estoque. “Há sempre famílias entrando
e saindo. E quem saiu pode ter retornado. E mesmo aqueles que alcançam
o mercado formal de trabalho permanecem muito pouco tempo nessa
situação, e para os grupos mais vulneráveis a rotatividade no emprego é
ainda maior”, acrescenta Falcão.
A
especialista no estudo da pobreza Lena Lavinas, professora do
Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
lembra que os cancelamentos do Bolsa Família justificados pelo aumento
da renda per capita dos beneficiários não tiveram impacto global na
folha de pagamento e no número de famílias assistidas, que há três anos
varia entre 12,3 milhões e 12,8 milhões.
“Dados
do Censo indicaram que o país tem mais de 16 milhões abaixo da linha
de indigência [renda per capita mensal de R$ 1 a R$ 70], o que revela
que a cobertura do Bolsa Família está aquém da demanda. Esse grupo está
sempre entrando e provavelmente quem saiu não deveria ter saído por
causa do alto grau de vulnerabilidade. O importante é que o governo
federal reconheceu que o número de indigentes é maior do que se pensava
e nem todos recebem o benefício”, diz Lena.
Para
gestores municipais do Bolsa Família, o programa precisa ter políticas
complementares mais eficientes em larga escala para garantir melhorias
na qualidade de vida dos beneficiários e uma eventual inserção
produtiva, como política de emprego, cursos de qualificação, ações de
transferência de renda complementar. “Essas ações estão integradas entre
União, Estados e municípios, mas essa integração aqui em São Paulo,
onde temos uma grande estrutura e capacidade de gestão, é completamente
diferente da de uma cidade do interior do Nordeste. Além disso, elas
precisam ter um acompanhamento mais próximo, que é o que deve ocorrer
com o Brasil sem Miséria”, opina Luis Fernando Francisquini, coordenador
de gestão e benefícios da Secretaria Municipal de Assistência Social
de São Paulo.
Fonte: Site do Dep. Vaccarezza
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